quinta-feira, 26 de abril de 2012

Corrida da Ressaca



No domingo, dia 22 de abril aconteceu em São José dos Campos o Circuito Superação. Como o nome já sugere foi realmente um dia para superar uma marca. Nada parecido com o que foi a Meia Maratona no domingo passado que foi relatada por mim aqui no blog, mas uma marca que provavelmente vai demorar a se repetir – que o diga a Viviane. Foi a quarta corrida realizada neste mês de abril, isso mesmo, quatro corridas em um mês, e poderia ter sido cinco, não fosse o kit da Indy Run ser entregue em um dia de semana.
O mais legal dessa prova é que fomos com a equipe dos Corredores do Bosque Maia, o qual muito me orgulho de fazer parte O Professor Alexandre foi nosso líder durante toda a etapa. Como de costume em dias de corridas a coisa aconteceu cedo, às 5h30 já estava em pé tomando um bom mate para ganhar uma energia pré-prova. Juntamos a galera e tocamos, diga-se de passagem, a festa quase foi cancelada devido a um acidente na Via Dutra, mas que pôde ser contornado. Infelizmente alguns amigos não chegaram a tempo, ainda devido ao ocorrido e largaram bem depois, alguns sem chip, inclusive, foram pelo incrível espírito esportivo.



Chegamos já em cima da hora, foi só o tempo de pegar o kit, a imensa fila do banheiro químico – sem comentários – e irmos para a largada. O pessoal de São José dos Campos realmente são muito hospitaleiros, ganharam todo meu respeito, poucas vezes me senti tão bem recepcionado em uma prova como essa.
Largamos com pouco mais de 4 minutos de atraso, nem vou considerar pois acho que era na verdade eu que estava com o relógio adiantado. O percurso era uma delícia, todo plano, quer dizer, a altimetria até pode me desmentir, todavia não dava mesmo para sentir o “baque” da subida. Correr é muito bom, correr com os amigos é ainda melhor, ao longo que iam se passando os quilômetros eu ouvia uma saudação ou acenava para algum conhecido, passei pelo Mestre Alcides e pelo Sensei Hideaki, e na volta ainda fiz um sinal de positivo para pelo menos cinco ou seis viventes.
Tenho andando ali pela casa dos 4.50, 5.00, 5,20 e queria de verdade passar abaixo dos 5, e assim se fez. Dei um Sprint no finalzinho e essa foi uma das maiores emoções de quebra de recorde mundial pessoal, por apenas dois segundinhos eu fiquei abaixo dos 5, para ser mais preciso terminei os 12km em 00:59:58. Bah, por tão pouco. Aquele sentimento de que um pouquinho aqui, outro pouquinho ali, fazem toda a diferença que eu senti na Meia Maratona veio outra vez à tona, só que agora para menos. Ufa, que bom atingir uma meta desejada.
Depois da chegada foi uma festa só, nos reunimos e trocamos as experiências vivenciadas por cada um de nós durante a prova. Algumas pessoas fizeram essa distância pela primeira vez, como a Ivone, que jamais havia alcançado tal façanha, outros foram para os seis e terminaram com o sentimento de terem percorrido seiscentos, isso é muito maravilhoso, como é bom saber que esse esporte transcende e nos faz transcender os limites. Valeu corrida!  Ainda ficamos por ali para ver se algum de nós havia “beliscado um troféuzinho” – como diz o Alexandre – mas nada de mais, terminamos mais essa com o sentimento de querer voltar à São José dos Campo, já com dia e hora marcados, em junho estarei lá outra vez.












Gostaria de registrar que, por fim, adquiri meu exemplar – autografado – do livro Melhor que o Caminho é o Caminhar do Fábio Namiuti, que conta sua trajetória de superação e conquistas desde sua remota infância até tornar-se um corredor de longas distâncias. Vale muito a pena, recomendadíssimo. Além disso o Fábio já é por si só uma figura, muito gentil e simpático, como ele mesmo classificou: “já nos tornamos parceiros de corrida”. Valeu Fábio, nos encontramos em alguma corrida por ai.



Essa foi sem dúvidas a corrida da ressaca, ainda sentindo os efeitos colaterais dos 21,100 quilômetros vencidos no domingo anterior. Fui para São José dos Campos fazer festa, ainda que eu faça isso em todas as corridas, mas essa não foi para ser levada tão a sério, ou talvez eu já esteja me acostumando e achando pequena demais para meus sonhos percorrer 12 k. E foi assim que terminou essa corrida e o mês de abril, com um sentimento de vazio por saber que corrida agora somente dia 06 de maio – daqui há dois séculos para ser mais exato – mas com um sentimento de alma preenchida pelas quatro corridas que realizei. Sempre, é claro, com o apoio, a tietagem, a fotografia, a torcida e o patrocínio da Vivi. Te amo minha prenda.








Professor Ademir continua torcendo pelo Grêmio, realizou com êxito no mês de abril seu maior desafio até então e já programa novos desafios para esse ano.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O que separa Homens de meninos



Somente hoje, segunda-feira, dia 16 de abril de 2012 eu consegui escrever esse relato, com mate novo e música campeira, bem relaxado aqui no sofá. Acho, todavia, que ainda que tivesse feito isso antes não seria a mesma coisa, pois apenas hoje cujo todos os músculos de minhas pernas doem tive real noção do que se passou ontem. Foi de fato, como anteriormente previsto por mim o maior desafio do ano – pelo menos até o próximo – e sabia de fato que muitas surpresas eu teria, algumas boas outras nem tanto e assim se fez.
O dia começou bem cedo, às 4h30 da manhã já estava em pé, tomei um amargo para ganhar uma última energia pré-prova, peguei o sensei Hideaki e lá fomos nós. Chegamos à USP por volta de 5h40 e em menos de 15 minutos depois já estávamos com os kits e preparados para a peleia.
O dia começou a ganhar forças e a arena já estava enchendo, não demorou muito já dava pra ver o tamanho da fila se formando para a retirada dos kits, o que fez a largada atrasar um pouco, mas nada de muito sério. Alongamos um pouco e pouco mais de 20 minutos antes da largada fomos para nosso posto. A euforia da galera postada por ali começou a contagiar. Dei aquela última olhada pra trás e me certifiquei, portanto, que havia chegado a hora, não dava mais para planejar nada, agora era colocar em prática tudo o que foi treinado, embora sabia muito bem que a parte psicológica seria tão exigida quanto a física – só não imagina o quanto.


E lá fomos nós, largada dada. Agora era vencer o sol, os 21 quilômetros, a fadiga muscular e, principalmente, vencer aquela vontade de desistir que algumas vezes já senti, embora bravamente eu nunca tenha feito isso. Ainda com aquele belo – e nervoso – sorriso no rosto passamos pela placa marcando o primeiro quilômetro vencido. E assim a coisa aconteceu até o quilômetro seis quando o sensei bateu em minhas costas e disse: “vai guri, faz teu ritmo que te encontro lá na frente”. Fui contemplando cada palmo, cada centímetro, cada placa que eu vencia e deixava pra trás. Logo que enxerguei a placa de dez pensei: “assim dez quilômetros nem parecem ser tão longos e chatos”. Dei um sorriso para o nada balancei a cabeça e continuei minha peleis, sabia que para o final ainda faltava um bom pedaço, aliás, nem estava mesmo pensando no final, se assim fosse seria traído pela já tradicional ansiedade, que insiste em me assolar e atrapalhar na hora mais inoportuna.
Tudo ia bem até aparecer minha primeira preocupação, ao passar pelo pórtico que marcava exatamente a metade do percurso senti uma fisgada na perna esquerda, na parte de trás que ia desde o calcanhar até a coxa, a impressão que tive é que eu teria câimbra. Ah não, justo agora... Hoje não, por favor. Diminui um pouco a cadência para tentar entender o que de fato estava acontecendo. Fiquei muito tenso, e para ser bem franco não consegui ser otimista, achei que a partir dali seria daquilo para pior. Mas não foi, ao passar pelo posto de Gatorade – que eu tentei tomar correndo, o que me fez derrubar mais da metade na roupa – eu não senti mais a tal fisgada. Empolguei-me e aumentei o passe, já estava no quilômetro treze, e ao entrar outra vez na USP tinha uma galera gritando e incentivando, o que me deu uma “injeção” de ânimo. Pensei: “agora vai”. E fui. Só quando eu vi a placa marcando 14 é que me dei conta que ainda tinha muita coisa para acontecer, e que deveria “guardar um pouco para o final”. Quando eu passei pelo pórtico da Netshoes já senti algumas fadigas, era o momento em que meu corpo já me passava algumas mensagens de cansaço, mas e daí... Agora eu ia adiante mesmo assim.
Em algumas conversas na mesa da “facul”, ou com alguns profissionais da Psicologia eu já havia participado de algumas discussões sobre o cérebro ser ou não “programável”, é claro que exatamente ai as opiniões se dividem. Talvez eu tenha tido essa resposta na prática, pois mesmo nos meus treinos longões, nunca havia passado de 18 quilômetros de distância. Porém, além disso, era tudo novidade, não sabia exatamente como meu corpo reagiria. Mas eu havia “programado” meu cérebro para 21k e antes disso nada me faria parar. Ao passar pela placa de 16 veio a pior parte. Foi a hora em que senti mais o sol. Apesar de tomar água em todos os pontos de hidratação eu senti muita sede, a boca seca e o suor caindo como jamais acontecera. Mas ainda assim eu pensava que isso não era nada que ainda não havia feito, porém após cruzar a placa dos 18 eu vi que seria necessário muito mais que músculos. Coincidentemente nesse momento começou a tocar Até o Fim, dos Engenheiros do Havaí, que diz: “não vim até aqui pra desistir agora”. Isso me fez pensar o quanto eu havia planejado esses 21 quilômetros, e no “papelão” que seria não completar a prova. Dos 18 para o 19 eu pensei seriamente em andar, mas ainda tinha “um pouco para gastar”. Cruzei a placa dos 19 e foi aí que senti muita vontade de parar. Não dava mais, sério, já estava na hora de parar, caminhar, esperar um pouco ou sei lá, sentar, deitar, fingir que havia desmaiado para alguém, me dar um pouco de água ou fazer uma massagem para conter um pouco das dores nas pernas. Mas não parei, continuei assim mesmo, do 19 para o 20 tive a impressão de que o quilômetro tinha mil e quinhentos metros, aquilo não acabava mais, que agonia.
Nesse momento aconteceu uma cena inusitada, que só o esporte pode promover, ao passar pelo último ponto de hidratação percebi que o Staff estava segurando apenas um copo de água. Lá trás vinha vindo outro com uma caixa com mais, só que naquele exato momento só restava um. Estiquei o braço para pegar e para minha surpresa outro corredor também cobiçava o mesmo. Por incrível que pareça nossas mãos agarraram ao mesmo tempo o copo. E agora? Um copo com água naquele momento tinha peso de ouro. Dei uma risada amarela e disse pra ele: “só tem um, vamos dividir”. Abri, tomei um pouco e passei o copo pra ele. O cara bateu no meu ombro e disse: “Bora corredor, vamos lá completar, agora falta pouco”. E disparou na minha frente. Mas pra mim não faltava tão pouco assim, os mil e quinhentos metros restantes pareciam os mais longos de minha curta história como corredor.
Chega, não dá mais, não posso continuar, aquilo não acabava mais. Abaixei a cabeça para não ficar olhando o quanto ainda restava, corri por algum tempo olhando para o chão, mas não parei. Senti dores, sede, e uma sensação estranha, talvez um choro na garganta, não sei bem explicar, acho que nem que tentasse eu conseguiria chorar. Meu corpo não aguentava mais, não tinha realmente condições de continuar, mas a mente não me deixou parar. Concluo, portanto, que nosso cérebro É SIM, programável. Fui com a mente, por alguns instantes tive a impressão esquisita de não estar sentindo minhas pernas. Acho que era isso, estava anestesiado. Quando levantei a cabeça vi que faltava pouco mais de 200 metros para a placa de 20. Agora sim, estava na hora de colher o fruto do esforço dispensado até o presente momento. Passei por ela e já não sentia mais nada, só vontade de terminar, após um período de tempo não sei de fato determinar, pois como citei anteriormente, não estava sentindo mais nada enxerguei a palavra CHEGADA. Pronto, agora era só cruzar o tão sonhado pórtico. Fechei os olhos, abri os braços, e passei pelo tapete.
Só depois de passar é que me lembrei de olhar para o cronômetro. Marcava pouco mais de 2h07. Quando a “anestesia” foi passando eu consegui ouvir os gritos de uma mulher que olhava pra mim e me mandava continuar andando. Que estranho, eu não conseguia andar, minhas pernas tremiam. Acho que elas desacostumaram a fazer isso, com muito custo continuei andando até o posto de Gatorade, peguei um copo e virei aos moldes gaudérios, bem chucro, botocudo e guapo, como se tivesse tomando um trago de canha. A rampa que dava acesso à arena foi penosa para subir, e acreditem, tive sérias dificuldades para sentar no gramado para tirar o chip. Coloquei a medalha mesmo estando todo suado, bem depois disso lembrei-me de sorrir pela conquista.
Desci e fiquei esperando o sensei, fiquei um tanto preocupado, pois ele demorou bastante. Quebrou nos 17 e concluiu a prova andando bravamente com câimbras e muita dificuldade. Apesar disso me senti muito feliz ao vê-lo. Missão cumprida. Vencemos os 21k. E são esses 21 quilômetros que separam homens de meninos.


Cada corrida tem suas particularidades, não vou nem de longe dizer que essa foi uma das mais difíceis, talvez não, pois estava treinado e sabia o que ia enfrentar, acho, todavia, que foi uma das que mais me ensinou. E apesar da dor, que mesmo agora enquanto escrevo, mais de 40 horas depois da corrida ainda sinto eu tenho um único sentimento: QUE VENHAM OUTROS 21K. Tenho dito.









Professor Ademir é gremista, pai do Rodrigo, e já pensa nos primeiros 42 quilômtros. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Quando 4 + 4 não é mais 8


Após um aniversário na sexta santa, que começou às 5h da manhã com um longão de 18k, o último antes do maior desafio do ano, fui para São Roque participar da 65º Corrida de Aleluia.
Eram 8k que eu imaginei serem bem tranquilos, bem mais que os da última prova lá na Estaiada. Mas, como eu não aprendo mesmo... Mais uma vez percebi que esse mundo de corredor é muito mais emocionante e imprevisível do que poderia imaginar.


Peguei a estrada bem cedo e cheguei tranquilo no local da prova, peguei o kit, me equipei e lá fui eu. Assumo que tinha comigo uma ideia tipo “vou alí correr 8k e já volto”.
Mais uma vez estava enganado. Havia planejado dividir a prova em duas partes largaria mais suave, passando os 4 primeiros km na casa dos 5,30’ x 1’, depois abriria um pouco mais e baixaria a cadencia para os 5’ ou quem sabe até mesmo para os 4’,45’ x 1 que eu já estava habituado a fazer. Só esqueci, todavia de combinar isso com o cara que projetou o trajeto.



Barbaridade, quanta subida. Para o alto e avante, tchê!


Após um singelo atraso de 11 min. a prova começou numa descida que não me enganou nada, pois sabia que não seria tão fácil assim, porém não precisava exagerar na “peça”.
Após passar o quilômetro 3 eu já coloquei em prática meu plano e acreditem, não fui ultrapassado por ninguém até o quilômetro 6,5. Quando eu vi o primeiro morro, me deu um frio na espinha, mas me mantive firme, foram quase 600 metros acima, quando esse terminou mal deu tempo de respirar e já emplacou outro, e outro, e outro, até chegarmos na descida do quilômetro 4, foi onde realmente pode-se dar uma trégua. Era somente o silêncio que precede o esporro, pois para deleite de todos descemos tudo que havíamos subido o que me fez perceber que para cruzar o pórtico teria que pegar todo o percurso de subidas outra vez. Confesso, eu desanimei...
Quando estava chegando ao quilômetro 5 consegui ver os quenianos e os “cruzeirenses” brigando na chegada, o que me deu um pouco mais de coragem de seguir adiante. Após duas retas de, no máximo 1k iniciou-se a mais árdua e “sangrenta” parte da prova. A essa altura eu já nem pensava mais em seguir o “protocolo” planejado para a segunda metade da prova, como diz o Fábio Namiuti “aqueles passos firmes e bonitos se transformam em passadas horríveis e descompensadas”, ou seja, vai do jeito que der mesmo.



Foi a primeira vez que pensei em caminhar em uma prova, tive realmente muita vontade, mas não o fiz, gastei tudo o que me restava. O calor insuportável e as subidas deram a impressão de terem sido muito mais de 8k, muito mais mesmo. Quando terminei a última parte do calvário comecei a descer outra vez, agora para cruzar o pórtico. Como foi bom. Como foi gostoso, que vitória triunfal.


Recorde? Que recorde? Nunca antes tinha subido tanto em uma corrida, os 0:42:40 foi um recorde mundial dessa “corrida vertical” onde o Astro Rei mostrou toda sua onipotência. Não baixei o tempo dos últimos 8k feitos por mim, porém isso não me deixou grilado, pois pelas condições que essa Corrida de Aleluia se fez terminar vivo já foi um bom negócio. No pórtico me esperando estavam a Vivi com o Rodrigo, que mais uma vez se fizeram presentes. É sempre mais motivador saber que tem alguém esperando por ti lá na chegada.
Pé no pórtico, medalha no peito. Mais um desafio cumprido, depois foi só curtir o pós-prova, deu até para registrar um momento com o pessoal da Luasa e do Cruzeiro, consegui até tirar um foto com o queniano – que venceu a prova, diga-se de passagem.
Agora é descansar, “rodar” um pouco essa semana, bem de leve para não correr riscos e encarar O DESAFIO, correr os 21k. Esses sim darão um post bem elaborado no próximo domingo. Isso se me sobrar algum membro inteiro, mas estarei lá.


















Professor Ademir é gremista, milongueiro, ama ouvir música campeira e está bem ciente do que o espera no próximo domingo.

domingo, 1 de abril de 2012

Dos 105 aos 1000


             

             Essa imagem tem muito significado pra mim, ela não demonstra apenas perda de peso, mas também renovação, perseverança, volta por cima, força de vontade, muito apoio e, acima de tudo vida nova.
            Sempre penso que dessa forma posso viver mais, posso passar mais tempo com o Rodrigo e com a Vivi, posso passar mais tempo reunido com minha família tocando violão para minhas irmãs gritarem, posso tomar mais mate e ouvir mais música campeira. Posso viajar mais, conhecer novos lugares, comer mais, respirar mai ar puro, fazer novos amigos, ler mais, sorrir muuuuuuuuuito mais, estudar mais trabalhar mais e simplesmente acho que tudo isso significa saber que a vida vale muito a pena, melhor ainda saber que tudo isso só porque um dia resolvi calçar um tênis e sair por aí correndo.
            Obrigado à todos que de alguma forma me apoiaram e apóiam. Obrigado Vivi por ter me dito que já era hora de eliminar uns quilinhos. Obrigado Rodrigo, por ser um de meus principais motivos para correr. Obrigado Mãezinha, por ter dito que eu já parecia o Buda.
            Por isso, estou lançando um desafio, um baita desafio. Quando completar mil quilômetros percorridos em competições oficiais darei uma “costelada”, sim daquelas que levam de 12 à 16 horas para ficar pronta, com direito a farofa e arroz carreteiro. Será um dia para reunir amigos, os velhos e àqueles que fiz correndo – que só tende a aumentar – tomar chimarrão, tocar violão e comemorar, provavelmente com  Rodrigo correndo de lá pra cá. Bueno, pois vamos à contagem:


1.      3° Corrida Internacional Cidade de Guarulhos - 10k
2.      Circuito Praia Limpa, Bertioga - 10k
3.      XV Troféu Cidade de São Paulo - 10k
4.      Circuito do Sol - 10k
5.      Circuito das Estações Adidas - 10k
6.      Corrida de Barueri - 15k
7.      2° Corrida Autismo e Realidade - 8k
8.      65° Corrida de Aleluia São Roque - 8k
9.      XIII Meia Maratona Corpore - 21k
10.   Circuito Superação São José dos Campos - 12k
11.   Corrida do Trabalhador - 10k
12.   Tribuna FM - 10k
13.   Corrida da Fraternidade - 04k
14.   Circuito Cidades Paulista - Jundiaí - 07k
15.   Corrida Nippon - 05k
16.   Circuito Popular Vila Maria – 05 km
17.   Maratona Internacional de São Paulo – 10 km
18.   Revezamento 24 Horas – 05 km
19.   Mini Corrida Vertical – 14 andares
20.   Meia de Sampa – 05 km
21.   Passeio EcoBike – 10 km
22.   Corrida de Rua SESI – 10 km
23.   Corrida Nipo Brasileira – 09 km
24.   Corrida Centro Histórico de São Paulo – 09 km
25.   Circuito Popular Jaçanã– 05 km
26.   Corrida Juventus Viva Mooca – 10 km
27.   Maratona Revezamento Pão de Açúcar – 12 km
28.   82° Volta da Penha – 10 km
29.   Circuito Caixa – 10 km
30.   Corrida de rua SESI – 10 km
31.   Circuito Longevidade Bradesco – 06 km
32.   CPFL Night Run – 10 km
33.   Corrida Cidade de Guarulhos – 10 km
34.   Sargento Gonzaguinha – 15 km
35.   São Silvestre – 15 km
36.   Corrida de Reis – 10 km
37.   Volta Pedestre Cidade de Itu – 10 km
38.   Correr e Caminhar par Viver Bem – 5 km
39.   Meia Maratona de São Paulo – 21 km
40.   15 km de Barueri – 15 KM
41.   Meia Maratona Corpore – 21 KM
42.   Corrida Vertical – 554 Degraus
43.   Circuito SESI – 10 KM
44.   Corrida do Trabalhador – 08 KM
45.   Eco Duathlon 1° Etapa – 5-20-2,5 KM
46.   28° Tribuna FM – 10 KM
47.   Corrida da Amizade Nippon – 05 KM
48.   Maratona Internacional de Porto Alegre – 42 KM
49.   Meia Maratona Ecológica – 21 KM
50.   Circuito Popular – Autódromo – 8,5 KM
51.   Circuito Popular Itaquera – 05 KM
52.   Circuito SESI – 05 KM
53.   Juventus Viva Mooca – 10 KM
54.   Eco Duathlon 2° Etapa – 5-20-2,5 KM
55.   Corrida 24 Horas na Pista – 16 KM
56.   Maratona Internacional de São Paulo – 42 KM
57.  Circuito Longevidade Bradesco – 07 KM
58.   Circuito Nacional de Corrida do Carteiro 2013 – 10 KM
59.   Corrida Internacional Shopping – 05 KM
60.   Corrida Caminho da Paz – 07 km
61.   Corrida Internacional Cidade de Guarulhos – 05 KM
62.   Aquathlon Solidário – 500m/Natação 3 km corrida
63.   89° São Silvestre – 15 KM







Já foram: 672,5 km
Faltam: 327,5 km


Nem de tudo é bom, nem de tudo é ruim

  
         
            O mês de abril chegou cheio de desafios, aliás, o maior desafio do ano, como citei anteriormente são os primeiros 21k a serem vencidos no dia 15. Quase sem querer querendo as provas foram surgindo e eu fui aderindo, quando fui ver já tinha marcado corrida para os quatro finais de semana, mas vamos correr ma por vez, portanto vamos para a corrida de “abertura”.
            Apesar do já conhecido amadorismo da Yescom, que trocou o endereço da entrega de kit 4 vezes e no final colocou quase quatro mil corredores em uma loja de apenas alguns metros quadrados eu esperava pelo menos a emoção e o desafio de ganhar os quilômetros da Marginal Pinheiros, e de quebra ajudar a causa das crianças autistas.





            Cheguei sem problemas, e estacionei bem perto da Estaiada, dei uma andada despretensiosa por ali, vi que só pra variar não havia nenhum diferencial e fui para o local da largada. Depois de um aquecimento – ou pelo menos a tentativa de um – sem vergonha, coloquei o mp4 no último volume e fui me posicionar bem “ali” onde ficam os corredores de elite. Esperava muito desses 8 mil metros, cheguei a pensar e pretender correr bem forte mesmo, sem tomar conhecimento do que viesse pela frente.
            Mas que engano, logo na saída percebi que não seria assim tão simples como pretendia. Diga-se de passagem, que, a casa em reforma, a semana inteira sem descanso, tudo uma enorme bagunça e um sábado quebrando piso com marreta e talhadeira faria sim, uma pequena diferença na hora de passar a régua. O cansaço me cobrou, e cobrou muito, cobrou caro, logo no quilômetro 3 já senti que precisaria bem mais que só os carboidratos ingeridos na noite de sábado. Seria necessária certa imortalidade que nos surge nessas horas e que só quem é corredor sabe como é.
            Muitas coisas se passaram em minha cabeça enquanto as pernas ganhavam a Pinheiros: muito treino, pouco descanso, estresse dos quase 20 dias com o apartamento com a sala no quarto o banheiro no corredor e a cozinha na sala, o trabalho duro e pesado no sábado, ou a pior delas talvez tivesse sido que eu simplesmente subestimei os 8k. Pela primeira vez em uma corrida senti vontade de caminhar, mas na boa cara, isso seria “veadagem” em demasia para um corredor que não é mais um principiante. Tentei na medida do possível manter a mesma cadencia, pode até ser que eu tenha subido um pouco a passagem de tempo, mas não deu para saber ao certo. Quando passei pelo quilômetro 6 pensei: ”agora são só dois, e eu vou buscar, buscaria também se fossem 10k, se fossem 15 eu me arrastaria, mas chegaria, se fossem 21 eu teria que rastejar, mas completaria, e se fossem 42,125 eu talvez morresse glorioso tentando cruzar a linha de chegada, mas não pararia de correr. Assim sendo fui, e subi a Estaiada, ao chegar lá já enxerguei o nunca tão esperado pórtico de chegada, fui tomado pela adrenalina e apertei um pouco o passo na descida.
            O melhor ainda estava por vir, uma vez que pretendia fazer os 8k num sub 40 min. Seria um ótimo tempo, pois pretendia passar nos 5k por min. Assim sendo, o tempo estaria dentro do esperado; Para meu total entusiasmo ao me aproximar do cronômetro o mesmo marcava 39:35. Ótimo, eu cumpriria minha meta, como o fiz.
            São várias as conclusões que tiro de tudo isso, entre elas é que hoje eu não estava num dia bom. Concordei também, que apesar dos treinamentos disciplinados nem sempre tu consegues um desempenho excelente na hora que vai para a rua. Além disso, devo concordar mais uma vez que não fossem os treinamentos eu muito provavelmente teria caminhado. Também concluo que não subestimei os 8k, eu apenas me senti confiante por estar bem treinado, ao contrário disso, como sempre respeitei os oito mil metros a serem batidos. Por último concluo que se fosse um daqueles dias que as coisas simplesmente acontecem, eu teria voado. Mas fica pra próxima. Mais uma medalha no peito. Ah sim, falei tão mal de Yescom e ela me queimou a língua com uma pintura de medalha, sem dúvidas uma das mais bonitas que já coloquei no peito. Próximo desafio é domingo que vem, em São Roque e depois vem os tão esperados 21k.










Professor Ademir é gremista, corredor, mateador, assador de costela, PAI DO RODRIGO e teve seu primeiro revés no ainda por ele desconhecido mundo das corridas de rua. Apesar de não ter sido tão ruim assim. E que venham os 21.