Hoje
foi um dia muito especial. Por muitos motivos hoje foi um dia muito especial.
Um dos principais motivos é que hoje foi dia de corrida. Dia de levantar bem
cedo, calçar o tênis e ir à rua dar o melhor de si. Mas o principal motivo de
hoje é que por fim eu consegui fazer o tão esperado sub-50.
E
por que ele veio?
Eu
consegui o sub-50 porque treinei muito para isso. Consegui o sub-50 porque idealizei
que conseguiria. Porque precisava provar pra mim mesmo que eu não estava ali sem
um bom motivo.
Eu
consegui o sub-50 porque me frustrei muitas vezes por não tê-lo conquistado,
mas nunca deixei de ter isso em minha mente. Consegui o sub-50 porque li em
algum lugar que era preciso muito mais que vontade para conseguir um tempo deste.
Que só atletas bem treinados com muita experiência conseguem bater essa marca.
Eu
consegui o sub-50 porque não desisti mesmo sendo obrigado a ficar mais de três
meses sem treinar devido a uma lesão no joelho. Consegui porque treinei pesado
na academia, com um futuro ainda incerto, alguns até me dizendo que era melhor
eu fazer outro esporte. Consegui porque cada músculo que eu fortalecia nas cansativas
séries adutoras, abdutoras, flexoras e extensoras eu pensava que um dia faria
diferença.
Eu
consegui o sub-50 porque levantei às 5h15min da manhã da madrugada mais fria de
setembro do ano de 2012 para ir tentar. Consegui porque sempre tive o apoio da
Viviane, esposa e torcedora fiel. Consegui porque a deixei em casa tomando conta do nosso
guri, e sabia que se conseguisse ambos ficariam orgulhosos de mim. E quando
cheguei foi isso que aconteceu, e ver o olhos dele me procurando ao entrar no
quarto com um sorriso sem vergonha valeu muito a pena.
Consegui
o sub-50, porque persisti, idealizei, busquei. Consegui porque há 15 dias estou
indo trabalhar de bicicleta, pois me disseram que, entre outros benefícios,
isso me ajudaria a ganhar mais condicionamento devido as alterações de picos,
além, é claro, de fortalecer a panturrilha, o que eu sentiria a diferença na
corrida.
A
prova foi a 82ª Volta da Penha, uma das mais tradicionais corridas aqui da
capital paulista. A organização do evento estava dentro do esperado, com postos
de hidratação bem divididos, não deixando nada a desejar. A largada foi dentro
do próprio clube e logo ganhamos às ruas do tradicional bairro da Penha. Logo
no primeiro quilômetro encontramos uma subida desafiadora, mas como eu já
cansei de relatar aqui: eu adoro subidas. Bem próximo ao bairro do Cangaíba
tinha uma descida que me fez colocar o pé no freio, pois tenho medo, afinal de contas
foi em uma descida como essa que meu pesadelo começou. Só que hoje não, hoje
não era dia de revezes.
Logo
depois foi só alegria, pois por volta do quilômetro três, pouco depois da
descida, entramos em uma longa avenida – que vou ficar devendo o nome – que
tinha uma extensa ciclovia por onde corremos sem nenhum problema. Foi nesse
momento que eu percebi que já imprimia um ritmo bem forte, quer dizer, acima do
que estou acostumado. Senti que minha musculatura estava bem preparada,
agradeci todas as horas de musculação, todas as intermináveis séries de
exercícios, hoje os músculos foram exigidos, e responderam à altura. Não foi
fácil prepará-los, mas hoje eles estavam prontos.
Saímos
da ciclovia e rumamos no sentido da Marginal, quando passei pela placa dos 8
quilômetros senti um cansaço bem típico de fim de prova, mas ainda dava. E
segui, procurei não diminuir a cadência, pois é sempre nessa fase que escaparam
todos ou outros sub’s que me deixaram frustrado. Como citei há pouco, a
musculatura hoje estava afinada, orquestrada, benditas sejam todas as horas que
passei na academia, benditas sejam os treinos de tiro no Bosque Maia, benditas
sejam as voltas fortes com subida que o Professor Alexandre nos passa às
segundas. Não diminui, e após a placa que indicava o nono quilômetro fui tomado
por uma euforia que senti medo de ser traiçoeira, mas não era, apesar de não
ter noção do tempo sabia que era muito bom.
Ao
regressar ao Clube fui recepcionado pelos porteiros que muito simpáticos
acenavam para os corredores. Ao olhar para o cronômetro vibrei, pois marcava
00:50:13, fiz um breve cálculo descontando o tempo que demorei para passar pelo
tapete e percebi que hoje não teria frustração. Abri um enorme sorriso e ainda
tive energia para dar um Sprint e soltar a voz ao passar pelo tapete. Haviam poucos rostos conhecidos por ali. Esperava que o amigo-corredor Eduardo Acácio estivesse por lá, mas infelizmente ele está no estaleiro, queria dividir essa glória com ele, uma vez que seu blog http://porqueeucorro.blogspot.com.br/ foi meu manual de intruções na corrida de rua. Valeu Eduardo, força.
Pode
parecer bem pouco para alguns, mas pra mim foi um resultado muito significativo.
Passei por uma tempestade com minha lesão há pouco tempo e hoje consegui
perceber que não desistir já é uma atitude vencedora. Existem muitas outras
metas a serem alcançadas. Tenho muitas cartas na manga, muita munição para
gastar. Pretendo completar minha primeira maratona em junho de 2013. Em breve
quero escrever aqui o relato do meu primeiro IRONMAN e outras tantas aventuras
que me seduzem. Mas o sub-50 era uma de minhas metas, e eu a alcancei.