quinta-feira, 30 de maio de 2013

Como deveria ser



Bem como foi no ano passado, a corrida Tribuna FM, em Santos não poderia ter sido diferente. Eu havia exaltado a organização e a qualidade do evento e esse ano eles não me decepcionaram. Descemos no sábado pela manhã e já fomos direto buscar o kit, antes mesmo de irmos ao hotel. O Sensei Hideaki foi conosco para contemplar mais um belo domingo de corrida no litoral.
Depois de dar entrada no hotel até demos uma passada na praia para o Rodrigo tomar seu primeiro banho de mar, uma pena que o tempo estava nublado, e o banho de mar foi só nos pezinhos mesmo, mas está valendo.






O resto do sábado (chuvoso e entediante) foi no hotel mesmo esperando o domingo, exceto a hora que saímos para jantar.
Domingo bem cedo desci para tomar café e partir para a corrida. Tomei um breve dejejum e fomos para a largada, o problema foi ir até lá, não tinha como irmos, pois todos os ônibus passavam cheios, sem vagas, se quer paravam nos pontos. Fomos de táxi mesmo.
Chegando no local do eventos fomos recepcionados por uma atmosfera típica dessa prova, a galera nas escadarias tirando fotos , se abraçando, curtindo e fazendo festa. Falando em festa, logo de cara encontramos o Itmura e o Corretor Corredor, além de outros amigos-corredores. Como é bom encontrar essa gente boa.



Fui para o local da largada demarcado pelo meu ritmo de corrida e quando fiquei sozinho me bateu uma emoção muito grande, algumas lágrimas caíram, não vou negar. Estar na largada de uma corrida – bem como durante ou mesmo ao cruzar uma linha de chegada – é um momento único, sem igual, ímpar. Mas além disso lembrei do pouco que falta para minha estreia na maratona, lembrei da minha cidade do coração, cidade que adotei e que me adotou, lembrei de tudo que já passei para estar ali correndo, e agora tão próximo de realizar a maior meta da minha “carreira” de corredor.
Não quis correr, de verdade, não fui para correr ou marcar tempo, ou tentar superar a marca do ano passado. Curti cada metro das ruas de Santos. Curti o pessoal fantasiado, os que iam gritando no caminho. O pessoal que ia acenando das janelas, os que colocam música e ficam na calçada dançando e participando da festa de seu jeito peculiar, as “tiazinhas” que vão buscar pão no domingo cedo e param um pouquinho para ver os corredores passarem, e aplaudem.
Fui passando e cheguei ao ponto onde estavam a Vivi e o Rodrigo, parei, pois não estava preocupado com nenhum tempo, abracei meu filho e minha esposa, tirei foto, brinquei com o público, sem compromisso, sem nenhuma neura.
Voltei pra corrida e ouvi algumas piadas trocadas entre corintianos e santistas, ri, balancei a cabeça e continuei correndo. Passei pelo DJ e depois por um grupo que estava cantando um conhecido funk e riam alto, ri também, não era momento para entender o gosto musical das pessoas, era momento de festa.
Passei tranquilo pela estreita rua do canal que leva à praia, nesse momento reparei que estava muito abaixo do meu pace normal, acelerei um pouco só para lembrar como seria se fosse “valendo”, mas não era, era só festa.
Uma curiosidade é que na hora que estava passando pelo palco Rock’ n’ Roll, estava tocando exatamente a mesma música do ano passado, que coisa não? Será que a banda combinou comigo. Tinha um “maluco” pirando na frente do palco com um turbilhão de adrenalina o consumindo, ele pulava, cantava em um bom “ingrêis”, jogava as mãos freneticamente para cima e para os lados e balançava a cabeça. Sabe de uma coisa? Morri de inveja dele, fiquei com vontade de parar e fazer o mesmo.

Terminei a prova da forma como comecei e conduzi, brincando, rindo sem compromisso, como a corrida de rua deve ser.

Vem logo dia 16...

domingo, 12 de maio de 2013

As Minhas Prioridades


Este será o provável mais longo post desse blog, e pra mim um dos mais emocionantes e difíceis de ser escrito.
Não sou tão bom com edição de imagens como meu Professor Eduardo Acácio do (http://www.porqueeucorro.com.br/), mas ainda assim se pudesse escolher uma imagem para essa postagem seria uma mistura de surpresa com indignação.
Não acredito em destino, ou que realmente há um regulador de nossas vidas com uma caderneta para cada um de nós pesando o que deve ou não acontecer em nossas vidas. Já cresci para fazer amigos imaginários. Mas em uma ocasião como essa eu poderia muito bem afirmar que existe uma força me empurrando, ou melhor, uma força manipulando os fatos para que tudo se desenhe de uma determinada forma, mas não há força alguma, é apenas o acaso me pregando mais uma peça. Não estão entendendo? Nem eu, mas vou tentar explicar.
Desde meados de novembro do ano passado, e oficialmente no dia 08 do referido mês, deixei aqui (http://ironmangfbpa.blogspot.com.br/2012/11/projeto-maratonasp-2013-1.html) registrado minha vontade de correr uma maratona. Desde então tracei metas, planos, estratégias, me preparei psicologicamente para a sequencia de treinos, li milhares de blogs e sites sobre estreantes em maratonas, passei boa parte de minhas férias (pós São Silvestre) debruçado sobre minha planilha montado treinos.

Além disso, mudei a alimentação para que essa fosse mais regrada e se aproximasse a de um maratonista, passei boa parte desse tempo na academia puxando ferro, suando feito um desgraçado, sentido doer – com extrema satisfação – cada músculo do meu corpo.
Devo, aliás, agradecer imensamente ao Clebão, que foi muito além de um orientador físico (porque personal trainer é coisa de fresco), foi conselheiro, técnico, amigo, companheiro de horas e horas de treinos no meu “laboratório”, com centenas de horas de conversas descontraídas, agradáveis, inteligentes e construtivas, sempre apoiando, dando “aquela” força para eu continuar. E continuei, mas...
No início de março recebemos a fatídica notícia de que a Maratona de São Paulo havia sido adiada para outubro (Não, não vou utilizar esse espaço para detonar com a Yescom) e me vi sem chão. Tentei não me dar por vencido, e tratei logo de planejar a planilha para o plano B, a Maratona do Rio de Janeiro.

Na hora da cabeça quente eu não pesei alguns itens necessários e comprometedores, o fato é que a coisa fugiu do controle. Seriam dois meses a mais de treinos puxados, pesados e estressantes. Descobri também que correr por diversão é uma coisa, mas ao ponto que se torna um treinamento rígido, com uma meta, com obrigações com planilhas e dias e mais dias de treinos a coisa ganha outro rumo.
Cheguei ao meu limite, em todos os sentidos.
O fato é que eu não aguento mais. Não fisicamente, mas é coisa de cabeça, treinar forte, treinar forte, treinar forte. Isso cansa, e tem outras coisas a pesar nessa história. E é de fato o elemento mais importante de todos: A FAMÍLIA.











Com o término da planilha, no dia 28 de abril, meu treino haveria de mudar, uma vez que não eram mais necessários os treinos que vinha fazendo, para tanto deveria passar a rodar de 40 a 60 km por semana para manter o condicionamento. Qual é o problema nisso para quem já treinou 16 semanas?
Acontece que por diversas vezes me veio algo à cabeça, será que tenho mesmo que fazer isso? Preciso mesmo disso? Sim, preciso. E quero. Mas eu não estou só. Os malucões que já fizeram isso sabe que uma sequencia de treinos para uma maratona nos afasta de outras coisas do nosso dia a dia. Um fato mudou toda a trajetória desse projeto, que era a Maratona de São Paulo, em um segundo momento a Maratona do Rio de Janeiro e que agora é simplesmente o projeto 42.195. Um dia fui buscar meu filho já passavam das 21h30 e ao me ver ele disse “papá”, chorou e veio gatinhando para o meu colo.
Eu o tinha visto às 6h00 da manhã e ao me dar conta que fiquei quase 16 horas sem ver meu pequeno, e ainda me deparar com um filho que estava morrendo de saudades do pai resolvi estipular quais eram de fato minhas prioridades. Não posso mais sacrificar minha família por conta de uma maratona.

E todos os que já fizeram isso sabem que por um instantes é preciso sim, abrir mão de muita coisa para treinar. Já passei muitas horas longe de casa para treinar, muito tempo longe da minha família foi necessário para fazer longões intermináveis. E mais, depois de treinos longos, que geralmente são feitos aos finais de semana o que sobrava para minha família era um pai cansado e sem pique para brincar. Na maioria das vezes eu queria dormir e me recuperar. Simplesmente chegou o ponto de que não posso continuar sendo tão relapso e perder tanto da minha família para treinar.

Isso quer dizer que acabou o sonho da maratona? Não, jamais, será antecipado. O plano que era o A, que depois virou o B, agora é o C, que se tornou o A. Dia 16 de junho vou à Porto Alegre realizar a meta dos 42.195.

Foi uma decisão difícil, tomada em família, nas últimas semanas estava vendo a Viviane apreensiva e meio tristonha, algo que me aborreceu um pouco, e numa conversa bem franca ela me disse sobre os problemas de ir ao Rio de Janeiro, por diversos motivos, mas o principal é o Rodrigo, que na ocasião terá um aninho. Seria a viagem de mais de 4 horas de carro, além do que ele, pelo que tudo indica, tem tolerância a comidas com corantes – ou seja, quase tudo – isso quer dizer que ele precisa se alimentar de comida fresca e saudável, aquelas feitas em casa, saca? Nada de comida industrializada, ou de restaurantes, seriam cinco dias de viagem, quase impossível imaginar alimentação saudável por todo esse tempo, além disso, o convênio não cobre fora do estado de São Paulo, se algo acontecer com ele, lá vamos nós para hospital público. Imaginem vocês.
Concordo com tudo que ela afirma, o Rodrigo ainda é muito pequeno para ser exposto à tudo isso. Além, é claro do fato citado acima de que até lá são mais dois meses de treino, e eu não quero mais precisar passar por tudo isso. Não sei se a maratona do Rio será abortada por mim, mas o foco nesse momento é Porto Alegre.

Porto Alegre é a cidade do coração, muitos dos melhores momentos da minha vida foram vividos nessa cidade, e como tenho história lá...
Voltar à Porto Alegre é sempre emocionante, sempre um momento único, ímpar, sempre representa muito pra mim. É a capital do estado que aprendi a amar incondicionalmente, que carrego no coração e na pele.


Tenho certeza de que será uma das mais emocionantes corridas, não bastando ser a tão sonhada maratona, ainda teria que ser no Rio Grande do Sul, estado que me acolheu, berço de Flores da Cunha, de Borges de Medeiros, Teixerinha, Humberto Gessinger e outros milhões de gaúchos ilustres.

Uma das mais emocionantes cenas que já imaginei seria minha famílias me esperando na chegada da maratona. Depois de ultrapassar todos os limites que o corpo humano pode suportar, depois de todas as dores a ser sentidas no final dos 42.195 metros, a coisa que mais gostaríamos de ganhar é o abraço da família, mas não será possível, eles não estarão lá, mas vão me apoiar de longe, eu sei que vão, vou sem eles fisicamente, mas vou, pois não posso desistir agora.

Vou com a cara, com a coragem e a vontade de completar minha primeira maratona, vou com determinação, e com o coração apertado, pois é a primeira vez que piso em solo gaúcho sem a Viviane, vou lembrar de todos os momentos que vivemos juntos lá, vou visitar a mais nova Arena Grêmio e lembrar das vezes que fomos ao Olímpico, e o que dizer do GreNal 377? Que dirá na hora que a maratona passar nas imediações do Olímpico, que não sei se já estará demolido. Acho que uma das coisas que mais passará pela minha cabeça é o quanto eu fiquei longe da minha família para poder estar ali naquele momento e eu prometi ao Rodrigo que eu faria valer a pena. Por isso vou à Porto para completar minha maratona, a qualquer custo.



Tomar chimarrão com os velhos amigos, visitar outra vez o mercadão, passar pela Estátua do Laçador, sentir o frio gaúcho vai me emocionar muito, principalmente sem a Vivi e o Rodrigo. 






Visitar minha grande amiga de infância - e afilados de casamento -  Sandrinha e seu marido Leandro, conhecer a Júlia vai ser muito bom. E como diz Cleiton e Cledir: "Quando eu ando assim, meio down, vou pra Porto e Bah, tri legal"...

Porto Alegre é um lugar apaixonante, o Guaíba, a Usina do Gasômetro, a arquitetura em formato de caravela faz de POA – só para os mais íntimos – uma das capitais mais lindas do mundos, o melhor lugar do Brasil em qualidade de vida.


É disso que o velho gosta, é isso que o velho quer...

Vem logo dia 15 de junho...

Estreia em Duathlon




Ainda que eu já tenha feito algumas dezenas de corridas eu sabia que a estreia em uma nova modalidade seria tensa. Na noite anterior eu tive problemas para dormir, e como já era de se esperar, acordei bem mais cedo do que o esperado.
O evento Ecoduathlon foi promovido por atletas, corredores, Triatletas, Biatleteas e Duatletas, portanto não esperava menos, sabia que seria bem organizado.
Cheguei no Bosque por volta de 6h30, antes disso ainda passei no posto para calibras os pneus na bicicleta e fui rumo ao evento, estava mais tranquilo, mas um pouco apreensivo por não saber  o que me esperava.
Encontrei muita gente conhecida, por isso fiquei um pouco mais tranquilo, e quando comecei a ver os atletas chegando senti uma certa emoção que não da pra explicar, era um sentimento de pertencer a um seleto grupo que faz a vida valer a pena... E eu estava lá. Bem é verdade que algumas bicicletas que ali estavam custavam alguns amontoados de dinheiro, as da marca Cervelo chegam a custar 30 mil reais, mas e a minha Caloi, velhinha, barata, rodada e suja, daria conta?
Fiz o check in e só então me dei conta que não teria mais como voltar, agora era traçar uma estratégia e completar a prova.
Pontualmente a largada foi dada, eu saí bem tranquilo, não sabia exatamente o quanto a bicicleta cobraria de mim, portanto não rodei muito forte nos 5 km, uma vez que não tinha a menor ideia do que seria correr depois de pedalar 20 km.
O primeiro trecho foi bem tranquilo, serviu para aquecer bem, não me preocupei muito com tempo, tampouco com a corrida, já que minha maior preocupação era a transição. Estava realmente muito atento a tudo, não estava utilizando fone de ouvido justamente para ouvir todas as orientações dos organizadores, e por fim chegou a transição...
“A sequencia seria”. Pensei antes de chegar à transição. Primeiro trocar os tênis, trocar de camiseta, afivelar o capacete, organizar a camiseta e o tênis bem em frente ao cavalete, retirar a bicicleta. Tudo saiu como planejado, e bem antes do que esperava já estava empurrando a bicicleta rumo à faixa limite para pedalar, já que não é permitido pedalar na transição.
Eram quatro voltas no trecho de 5 km, muito conhecido por mim, pois é o mesmo trecho da ciclovia que eu já frequentei muito. Não neguei esforços, pedalei sem medo, gastei sem pensar quase tudo que eu tinha no pedal. Se eu conseguiria correr depois? Eu certamente tentaria, ainda sim, detonei nos pedais. A Caloi foi que foi, tudo bem que eu não podia exigir muito dela, mas na hora “H” ela não negou fogo. Foi com uma centena de barulhos, mas foi. Foi com apenas duas marchas, mas foi. Foi com o pedevela estralando, mas foi. Foi com os freios desregulados, mas foi. É até engraçado dizer tudo isso, mas minha Caloizinha, que ganhei na rifa, que já era de uma certa promoção de uma certa emissora de TV... Foi que foi.
NO final da primeira volta eu vi a Viviane e o Rodrigo ao lado da entrada do Bosque, que alegria, minha família estava ali para prestigiar minha estreia, claro que isso me deu novo ânimo. Foi muito emocionante pedalar um uma competição oficial, vou, certamente, melhorar as condições de minha bike nas próximas edições, uma vez que eu precisava sentir na pele o que era pedalar assim.
Ao completar as 4 voltas voltei para a transição e novamente coloquei a estratégia em prática, descer antes da faixa limite, colocar a bicicleta no cavalete, trocar os tênis, tirar o capacete e correr. Tudo dentro do esperado, exceto a tremedeira das pernas na hora que desci da bicicleta, já era de se esperar, a mecânica utilizada para pedalar é bem diferente da de correr, isso leva um tempo para acostumar, mas ainda assim eu fui.
Os primeiros passos vão desajustados, feios, como os de um bebê quando está aprendendo, mas logo se pega o jeito. Fiz o terceiro trecho com um pace abaixo dos 5’, e passei muito dos atletas de Speed que largaram 10 minutos antes de nós, o fato de ser corredor me deu uma certa vantagem. Além disso, ainda recebi o apoio da Vivi e do Rodrigo que acenavam pra mim.
O primeiro trecho, corrida de 5 km eu terminei com 00:25:26, a primeira transição eu fiz em 00:01:56, os 20 km de bicicleta foram em  00:50:51, a segunda transição em 00:01:19, e os últimos 2,5 km em  00:12:54, totalizando 01:32:27. Terminei a prova no 39º lugar, e haviam 75 inscritos na minha modalidade. Nada mal. Muito Feliz, não vejo a hora do próximo, que será em 1° de setembro.
E que venha o Triathlon...