Foi
uma longa jornada, debaixo de uma chuva tão grande quanto a vontade de superar
os próprios limites, mas no alto do cume havia uma rica recompensa... Que ele
foi buscar.
Esse
poste não é meu...
É
de um jovem iniciante nas corridas de rua. Esse post não é meu, é de um cara
que tenho muito orgulho e satisfação de tê-lo incentivado à prática esportiva.
No
último sábado, dia 24 de novembro aconteceu a CPFL Night Run, corrida que
homenageava a referida empresa pela passagem de seu centésimo aniversário. Como
se trata de uma empresa que fornece energia elétrica nada mais original que uma
corrida noturna.
Chegamos
em Campinas por volta de 16h, pois a entrega
do kit além de ser em local diferente era em um horário estranho, só até
às 17 horas, de uma prova que seria às 20... Vai entender.
Kit
retirado, fomos ao local da prova, ao chegarmos já observamos que a altimetria
não era nada confortável, mas isso eu falo mais adiante. Compramos alguns
alimentos beeeeeeeeeeeeeeeem ricos em carboidratos e fizemos um lanchinho por
ali mesmo. Para nossa “felicidade” começou garoar, muito antes do previsto, já
que a previsão era de chuva durante a prova, o que não mudou absolutamente em
nada nossa empolgação.
Por
volta das 19h fomos ao local da prova, havia uma banda agitando a galera, bem
como malabaristas, palhaços e uma dupla de mulheres sem graça sobre umas pernas
de pau (que coisa bem chata). Por conta de alguns “problemas” a galera da CET
retardou um pouco o início da prova, mais ou menos uns 15 minutos.
Tudo
certo e a largada foi dada, rumamos de cara para uma descida, “coisa pouca”,
mais ou menos uns 2 km, bem sabia que isso na volta cobraria bem alto, mas
deixei para sofrer na hora certa. Eu já quebrei a barreira doa 50 minutos nos
10 km, e já fiz tantas provas nessa distância que não havia, de fato, nenhuma
novidade em tudo que estava acontecendo ali. Por essa e também outras razões eu
fui para essa prova simplesmente para conduzir meu sobrinho no percurso, independente
do tempo.
Pouco
adiante apareceu a primeira novidade, após o quilômetro 6 desabou A CHUVA, não
era uma chuvinha não, era uma chuva bruta, “meiguinoranti, sabi?”.
Nessa
altura o Wesley me chamou a atenção por estar se sentindo bem, por isso queria
acelerar um pouco a cadência. ”Macaco véio” em prova de 10km o adverti dizendo
que era para ele guardar esse gás para o final. Assim que as descidas
terminaram havia a opção dos 5 ou 10km, perguntei para o Wesley se ele queria abortar a ideia dos
10. Ele até se balançou em permanecer na zona de conforto, mas senti orgulho
dele quando o mesmo optou pelos 10. Que honra! Mas a partir dali, era
necessário correr com a cabeça.
Entramos
na parte mais crítica da prova, ele já havia feito 7, mas nunca 10 km, isso
pesou bastante no psicológico. Tivemos que contornar todo o Parque Taquaral –
que não acabava nunca, nunca mesmo, confesso que a corrida se tornou
entediante, chata e cansativa. Não havia quase ninguém, contando com a gente
cinco ou seis pessoas. Para completar a chuva apertou, e começou a cair bem
forte, como citei anteriormente. Muita chuva, a rua quase deserta e o prque que
não terminava nunca, algumas retas bem cumpridas curvas e nada do tal Parque
terminar, quando este terminou, fizemos uma longa curva aberta e veio, por fim,
a pior parte: teríamos que subir os dois quilômetros de morro até o final da
prova.
É
ai que o filho chora e a mãe não vê. A coisa pegou e pegou forte, como “condutor”
pensei diversas vezes que ele desistiria, e me surpreendi muito, pois, apesar
de tudo ele não desistiu. Como citei anteriormente a subida cobra um preço alto
do corredor inexperiente, e assim o fez. As vezes eu achava que ele havia “saído
de si”, ou mesmo que estava em outra dimensão, o cara focou na prova, as vezes
fechava os olhos, mas não parava. Andou em alguns trechos, correu em outros, as
vezes soltava uns gemidos de dor, rangia os dentes, mas não parou.
A
subida terminou, sabíamos, embora parecesse, que ela jamais terminaria. Não
demorou muito enxergamos a placa dos 500 metros. Em um desses sites que vendem
as fotos dos atletas tiradas durante a prova havia uma foto em sequencia
mostrando a gente passando pela placa dos 9km e foi realmente emocionante ver
como foram suados esses 10 km, inclusive em uma delas aparece eu com a mão no
ombro dele, dando aquela força. Ora ou outra eu dava uns gritos de incentivo com
ele. “Vamos, faltam só 500 metros...
Vamos faltam só 400... Vamos faltam apenas 300”. Na hora que apareceu a fachada
luminosa escrita CPFL debaixo de uma chuva “bruta” foi um momento emocionante,
junto com a fachada surgiu a placa indicando que faltavam apenas 50 metros,
sabe-se lá de onde ele tirou gás para um Sprint e ainda terminou na minha
frente.
A
chuva não dava trégua, parece que era pra lavar a alma mesmo. Sentamos no chão
para a retirada do chip, quer dizer, eu sentei, ele “desmaiou”, ficou um bom
tempo para ter coragem, ou sei lá, de repente ele não havia entendido ainda que
a meta havia sido cumprida.
Como
já é de tradição eu coloquei minha medalha nele e ele deu a sua pra mim. Dei um
abração nele e por fim, estava tudo bem. No caminho da volta ele ficou
contabilizando as bolhas gigantes, algumas em carne viva, bom sinal, sinal de que
a coisa está acontecendo. No pain, no gain.