quarta-feira, 28 de novembro de 2012

No pain no gain



Foi uma longa jornada, debaixo de uma chuva tão grande quanto a vontade de superar os próprios limites, mas no alto do cume havia uma rica recompensa... Que ele foi buscar.
Esse poste não é meu...
É de um jovem iniciante nas corridas de rua. Esse post não é meu, é de um cara que tenho muito orgulho e satisfação de tê-lo incentivado à prática esportiva.
No último sábado, dia 24 de novembro aconteceu a CPFL Night Run, corrida que homenageava a referida empresa pela passagem de seu centésimo aniversário. Como se trata de uma empresa que fornece energia elétrica nada mais original que uma corrida noturna.
Chegamos em Campinas por volta de 16h, pois a entrega  do kit além de ser em local diferente era em um horário estranho, só até às 17 horas, de uma prova que seria às 20... Vai entender.
Kit retirado, fomos ao local da prova, ao chegarmos já observamos que a altimetria não era nada confortável, mas isso eu falo mais adiante. Compramos alguns alimentos beeeeeeeeeeeeeeeem ricos em carboidratos e fizemos um lanchinho por ali mesmo. Para nossa “felicidade” começou garoar, muito antes do previsto, já que a previsão era de chuva durante a prova, o que não mudou absolutamente em nada nossa empolgação.
Por volta das 19h fomos ao local da prova, havia uma banda agitando a galera, bem como malabaristas, palhaços e uma dupla de mulheres sem graça sobre umas pernas de pau (que coisa bem chata). Por conta de alguns “problemas” a galera da CET retardou um pouco o início da prova, mais ou menos uns 15 minutos.
Tudo certo e a largada foi dada, rumamos de cara para uma descida, “coisa pouca”, mais ou menos uns 2 km, bem sabia que isso na volta cobraria bem alto, mas deixei para sofrer na hora certa. Eu já quebrei a barreira doa 50 minutos nos 10 km, e já fiz tantas provas nessa distância que não havia, de fato, nenhuma novidade em tudo que estava acontecendo ali. Por essa e também outras razões eu fui para essa prova simplesmente para conduzir meu sobrinho no percurso, independente do tempo.
Pouco adiante apareceu a primeira novidade, após o quilômetro 6 desabou A CHUVA, não era uma chuvinha não, era uma chuva bruta, “meiguinoranti, sabi?”.
Nessa altura o Wesley me chamou a atenção por estar se sentindo bem, por isso queria acelerar um pouco a cadência. ”Macaco véio” em prova de 10km o adverti dizendo que era para ele guardar esse gás para o final. Assim que as descidas terminaram havia a opção dos 5 ou 10km, perguntei para  o Wesley se ele queria abortar a ideia dos 10. Ele até se balançou em permanecer na zona de conforto, mas senti orgulho dele quando o mesmo optou pelos 10. Que honra! Mas a partir dali, era necessário correr com a cabeça.
Entramos na parte mais crítica da prova, ele já havia feito 7, mas nunca 10 km, isso pesou bastante no psicológico. Tivemos que contornar todo o Parque Taquaral – que não acabava nunca, nunca mesmo, confesso que a corrida se tornou entediante, chata e cansativa. Não havia quase ninguém, contando com a gente cinco ou seis pessoas. Para completar a chuva apertou, e começou a cair bem forte, como citei anteriormente. Muita chuva, a rua quase deserta e o prque que não terminava nunca, algumas retas bem cumpridas curvas e nada do tal Parque terminar, quando este terminou, fizemos uma longa curva aberta e veio, por fim, a pior parte: teríamos que subir os dois quilômetros de morro até o final da prova.
É ai que o filho chora e a mãe não vê. A coisa pegou e pegou forte, como “condutor” pensei diversas vezes que ele desistiria, e me surpreendi muito, pois, apesar de tudo ele não desistiu. Como citei anteriormente a subida cobra um preço alto do corredor inexperiente, e assim o fez. As vezes eu achava que ele havia “saído de si”, ou mesmo que estava em outra dimensão, o cara focou na prova, as vezes fechava os olhos, mas não parava. Andou em alguns trechos, correu em outros, as vezes soltava uns gemidos de dor, rangia os dentes, mas não parou.
A subida terminou, sabíamos, embora parecesse, que ela jamais terminaria. Não demorou muito enxergamos a placa dos 500 metros. Em um desses sites que vendem as fotos dos atletas tiradas durante a prova havia uma foto em sequencia mostrando a gente passando pela placa dos 9km e foi realmente emocionante ver como foram suados esses 10 km, inclusive em uma delas aparece eu com a mão no ombro dele, dando aquela força. Ora ou outra eu dava uns gritos de incentivo com ele. “Vamos, faltam só 500 metros... Vamos faltam só 400... Vamos faltam apenas 300”. Na hora que apareceu a fachada luminosa escrita CPFL debaixo de uma chuva “bruta” foi um momento emocionante, junto com a fachada surgiu a placa indicando que faltavam apenas 50 metros, sabe-se lá de onde ele tirou gás para um Sprint e ainda terminou na minha frente.
A chuva não dava trégua, parece que era pra lavar a alma mesmo. Sentamos no chão para a retirada do chip, quer dizer, eu sentei, ele “desmaiou”, ficou um bom tempo para ter coragem, ou sei lá, de repente ele não havia entendido ainda que a meta havia sido cumprida.
Como já é de tradição eu coloquei minha medalha nele e ele deu a sua pra mim. Dei um abração nele e por fim, estava tudo bem. No caminho da volta ele ficou contabilizando as bolhas gigantes, algumas em carne viva, bom sinal, sinal de que a coisa está acontecendo. No pain, no gain. 

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