
Aprendi muita coisa após eu me tornar um
– aprendiz de – corredor de rua, sem dúvidas uma das principais delas foi saber a hora de tirar o pé do acelerador. Foi
o que eu fiz hoje na 27º Tribuna FM na linda cidade de Santos. Após o susto que
levei sentindo dores no joelho resolvi ir bem de leve na corrida de hoje. Se
bem que ainda que eu quisesse correr de
verdade eu não conseguiria, pois havia tantos participantes que para fazer o
tão sonhado sub-50 teríamos, no mínimo que largar com os imortais lá na elite.
Bom, mas vamos de fato ao eixo do post. Tenho
que me render aos encantos da organização da 27º Tribuna FM. Tirando o único
revés que é ter que pagar através de boleto bancário, a entrega do kit foi em
um local com estacionamento, banheiro, espaçoso e bem organizado. Inclusive me
surpreendi já na ida ao local, pois havia placas nos postes indicando o caminho
para o ginásio onde a retirada estava acontecendo. Os postos de hidratação
estavam bem distribuídos, com água bem gelada e staffs o suficiente para
atender os 16.500 corredores e os inúmeros “pipocas” que passaram pelos postos.
As placas de quilometragens foram colocadas possivelmente com GPS, pois estas
marcaram exatamente 10 km.
O kit pré, e principalmente o pós-prova estavam de acordo com o que o bom senso
determina. E a medalha, sem exageros, acho que é a mais bonita da minha coleção.
No café da manhã, ainda no hotel
encontrei com o amigo-corredor Diego Ronan, combinamos de ir ao local da largada juntos, pegamos um ônibus
até lá e para nossa surpresa estava lotado de corredores, o que elevou ainda mais
o clima amistoso de corrida. Alongamos um pouco e fomos para o front. Mais uma
vez me chamou a atenção a organização, pois a largada em ondas funcionou
realmente. Havia staffs olhando o número de peito para saber se você estava
realmente entrando no seu pelotão. A largada foi pontual e lá fomos nós.

Até a sexta
feira, não tinha me dado conta desta corrida. A cidade simplesmente pára por ela,
não se falava em outra coisa nas ruas, bares e supermercados da cidade. As
pessoas acordam cedo e ficam nas janelas e varandas gritando para os
corredores, muitos tomam as calçadas e brincam o tempo todo conosco, nunca me
senti tão assediado, aliás, diga-se de passagem, é a primeira vez que isso
acontece.
No quilômetro
dois o joelho deu uma fisgada chata, mas como eu não estava forçando foi algo
passageiro, após isso só mesmo uma fadiga tradicional, nada muito sério, ainda
bem, pois estava mesmo muito preocupado com uma possível lesão. Fomos no
trotinho, sem maiores pretensões mesmo, ao passar pela última curva antes do pórtico
havia um palco com uma banda tocando U2, ah sim, muito bom gosto por sinal, e
foi só festa. Terminamos a prova muito bem, tranqüilos, sem recordes, sem tempo
– acho que foi por volta de uma hora, para mais ou para menos, sei lá – mas com
muita alegria, foi uma celebração, uma festa, um abraço de boas vindas e de
adeus de uma cidade que faz questão de pedir aos seus visitantes que voltem
outras vezes, uma cidade que pareceu nos dizer: “Foi muito bom tê-lo aqui, volte sempre e tenha um ótimo domingo”. A
entrega do kit pós prova ocorreu sem nenhum problema, uma sacola daquelas ecológicas
com sucos, frutas e a medalha.
Continuamos
caminhando e já emendamos rumo ao hotel. Nenhuma prova é igual, ainda que
procuremos – e às vezes achamos – traços de umas nas outras elas nunca são iguais,
exceto por um detalhe, todas lhe ensinam algo. Essa foi uma corrida que vi
pessoas que acreditam em outras pessoas, o que se tornou cada vez mais raro, vi
uma cidade grande que mantém seus traços característicos, culturais e históricos.
Vi uma cidade com pessoas que aplaudem atletas e não os xingam pelo fato da CET
ter fechado a rua. Vi uma cidade onde as tiazinhas
ficam gritando para nós não desistirmos e para colocarmos a medalha no
peito, pois conquistá-la não foi nada fácil, ou uma outra que foi na feira mas
voltou correndo, ainda cheia de sacolas para torcer pelos atletas. E quando as
pessoas nos viam caminhando com a camiseta da corrida nos olhavam como se
fossemos heróis voltando da guerra.
Obrigado Santos,
por me fazer sentir um atleta.
Depois disso foi
descansar um pouco e voltar pra casa, não sem antes passar pelo Museu do Café,
no centro histórico, o que frustrou muito a Vivi, pois o mesmo se encontrava
fechado, ao passar por ele comentei com ela que podíamos marcar um dia para
voltarmos para visitá-lo, e com certeza será na 28º Tribuna FM, no ano que vem.
